O município de Lagoa Seca-PB, sediou a III Conferência Estadual de Segurança Alimentar. O evento, que teve início na segunda-feira (26 de setembro) foi até a quarta-feira (29), no Convento Franciscano de Santo Antônio Ipuarana. Debater e construir políticas públicas e ações que possam municiar órgãos públicos para que toda família paraibana tenha o direito à alimentação são alguns dos objetivos dessa conferência. Além disso, no final do evento foram escolhidos os 44 delegados que representarão a Paraíba na IV Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, que acontecerá de 7 a 10 de novembro, em Salvador. No total, 1.440 delegados estarão reunidos para representar todos os estados da federação.
O evento reuniu mais de 350 pessoas, entre representantes da Pastoral da Criança, dos governos municipal e estadual que trabalham com a gestão de políticas para indígenas, comunidades quilombolas e terreiros, população negra, religiões de matriz africana, pescadores, ribeirinhos, ciganos, representantes da sociedade civil e profissionais ligados ao tema da Segurança Alimentar e Nutricional.
Segundo o Presidente do Conselho Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea-PB), Arimatéria França, existem mais de 600 mil pessoas passando fome no estado devido ao recebimento de rendas irrisórias, sendo privadas de uma alimentação de qualidade, em quantidade satisfatória e com regularidade. “O nosso desafio é estimular a criação de políticas públicas para aumentar a produção de alimentos na Paraíba e garantir a inserção dos que não estão integrados aos programas de assistência do governo federal”, observou.
Durante a conferência foi discutido o plano de segurança alimentar e nutricional para o estado, ligado ao Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (SISAN), que é responsável pela promoção do direito humano à alimentação adequada e saudável. Também está sendo discutida a criação da Câmara Intersecretarial, que propõe o trabalho integrado entre as secretarias de estado, como Agricultura, Educação, Desenvolvimento Humano, Emater e Saúde.
A delegada do Conselho de Nutrição da Paraíba, Luciana Martinez Vaz, ressaltou a importância do evento para a segurança alimentar do estado. “É fundamental a reunião desses representantes sociais para discutir a construção desse plano de segurança. Estamos, inclusive, realizando uma campanha de enfrentamento à miséria e combate à fome, enfatizando o alerta para o desperdício de comida”, disse.
Para garantir a segurança alimentar e nutricional, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) tem adotado políticas de ampliação do acesso aos alimentos, combinando programas e ações de apoio à agricultura tradicional e familiar. A representante do MDS, Carmem Priscila Bocchi, disse que esse movimento de participação social da conferência faz parte do processo de construção da política, do plano e do sistema de segurança alimentar. “A segurança alimentar tem seguido um caminho parecido à construção do Sistema Único de Saúde. Nos últimos 20 anos, tivemos uma grande diminuição dos índices de desnutrição, mas existem nichos com fortes índices, como é o caso da população indígena e quilombola. Estamos tentando fazer as políticas públicas chegarem nesses locais e funcionar efetivamente”, enfatizou.
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