No Alto Sertão Paraibano a Pastoral da Criança tem experiência do PAA que ajuda a melhorar a vida de muitas famílias.
No município de Aparecida, região do Alto Sertão da Paraíba, o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) do Governo Federal, tem obtido uma organização com resultados bastante satisfatórios. O projeto na cidade tem como proponente a Associação dos Apicultores do Sertão Paraibano (ASPA) – que nos últimos anos tem avançado na formação dos agricultores/as no exercício da atividade apícola; fortalecido as organizações do ramo através da criação de abelhas com base no manejo sustentável da Caatinga, e defendido a conservação da fauna e flora local, e conservada uma articulação em duas grandes redes do Brasil – A Rede Abelha Nordeste e na Articulação do Semiárido (ASA) na qual atualmente é Unidade Gestora do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2).
O PAA é uma das ações da Fome Zero executado através do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Social, e visa garantir o acesso a alimentos em quantidade e regularidade necessária às populações em situação de insegurança alimentar nutricional, além de promover a inclusão social e econômica no campo por meio da compra dos produtos da agricultura familiar a preços mais justos.
Segundo o presidente da ASPA – João Pereira – a ação do programa no município surgiu da necessidade tanto dos produtores/as rurais como da carência do próprio município em desenvolver um programa dessa natureza. “A nossa preocupação é fazer o melhor para o programa se desenvolver forte junto ao público beneficiado e fortalecer a agricultura familiar local, e a expectativa da entidade é fazer com que essa experiência possa inspirar outras associações”. Enfatizou João.
A partir do programa a entidade tem trabalhado na perspectiva de estimular remuneração da produção, ocupação do espaço rural, a distribuição de renda, o combate à fome, o resgate da cultura alimentar regional e na defesa e preservação ambiental. Mas, para desenvolver todas essas linhas de ação e dar corpo e organização a atividade, fez-se necessário reunir forças e importantes parcerias, uma delas coma Pastoral da Criança.
Nessa parceria a pastoral foi fundamental para o êxito do projeto, uma vez que o perfil dessa organização é baseado na evangelização e solidariedade, no desenvolvimento das crianças, de suas famílias, das comunidades sem distinção de raça, cor, sexo, credo religioso ou político. Trabalha as condições sociais de vida das pessoas, bem como a saúde, nutrição e cidadania.
A coordenadora voluntária Maria Aparecida Ferreira da Pastoral da Criança no município conta o seu trabalho junto ao projeto:- “O PAA veio em bom momento, a pastoral acompanha famílias que realmente precisam de ajuda tanto na cidade como na zona rural”.Sabemos que a pastoral da criança no município não tem muitos lideres voluntários por isso só estão cadastrados as comunidades que existe lideres capacitados lembrando que isso não impede a realização do PAA no município.Em um das nossas visitas às famílias, já deparamos com várias situações.Família que tem somente um pote de água num canto da casa,lamentar que não tinha nada para alimentar as crianças; é nesses momentos que ficamos solidários com a dor de muitas mães, pensamos em agir de forma a contribuir mesmo com o pouco que estar ao nosso alcance”. Relata.
Todo o trabalho é fiscalizado pela Superintendência Regional da Conab – Companhia Nacional de Abastecimento na Paraíba todo o trabalho no projeto é voluntário desde recebimento dos produtos na propriedade do fornecedor, a chegar à estocagem, divisão dos itens, até a entrega aos beneficiários. A seleção e identificação das famílias têm a contribuição dos líderes da Pastoral e dos Agentes Comunitários de Saúde, que mantém um excelente trabalho nesse aspecto, conhecem as famílias e suas condições. Através de uma visita domiciliar, falam sobre o objetivo do programa, analisa o cadastramento de acordo com os critérios, priorizando mulheres gestantes, famílias que já estão incluídas na Bolsa Família e que têm crianças de 0 a 6 anos.
Atualmente são beneficiadas 600 famílias distribuídas entre a zona urbana e rural: Assentamento Acauã, Acampamento Nova Vida I, Veneza, Angélica, Angicos, Duas Lagoas, Extrema, Tabuleiro Cumprido, Várzea do Cantinho, Várzea do Menino Jesus, Boi Morto, Serra Azul e Caraíba.
Cerca de 40 agricultores/as fornecem para o projeto os produtos mais diversos: banana, mel, milho verde, doces, cocada, alface, coentro, quiabo, cebolinha e manga.
O projeto aponta alguns avanços na nutrição de crianças e na saúde de toda a família. O mel em particular tem sido um alimento essencial, e deixado de ser considerado somente como remédio; as famílias passaram a usá-lo no preparo de bolo, suco, vitamina e em quase todas as refeições diárias, mostrando resultados significativos quanto ao seu poder nutricional.
A beneficiária Laurinete Casimiro Batista Gomes de 25 anos, doméstica, mãe de quatro filhos entre faixa etária de 02 e 09 anos fala sobrea mudança que ocorreu na família quando começou ase alimentar como os produtos que recebe do programa – “É difícil cuidar de quatro crianças, às vezes pede pra comer algo que não tem, fico muito triste me lembro de ainda criança em que vivia com as mesmas dificuldades, pois os meus pais não tinham condições de me dar. Eu sei que é difícil, mas dar pra viver. Ficou melhor depois que recebi os alimentos do PAA, mudou muito! Às vezes agente não tem o dinheiro pra comprar a verdura, a fruta, e geralmente o que agente compra na rua não tem qualidade e os produtos que recebo dura uma semana. A saúde das crianças melhorou, quando comecei a usar o mel no suco e com a banana, abriu até o apetite deles. Artur, o meu filho mais novo chegou a aumentar todo o mês 500 gramas, tá no cartão de vacina! Melhorou até no financeiro, poupa até o dinheiro que recebo da Bolsa Família de R$ 134,00 reais-agora compro o que eles às vezes querem. Mãe é assim, deixa de pensa em se pra pensar nos filhos” – Conclui Laurinete.
Essa ação não se encerra só na entrega da cesta de alimentos, vai além de saciar a fome de comida, as entidades se preocupam também com a condição social das famílias, e tem realizado palestras sobre Higienização na Manipulação de Alimentos, encontro sobre a celebração comemorativa do dia mundial da água, e estimulado as mães a participarem das oficinas oferecidas pela entidade sobre a fabricação de sabão e sabonete a partir da coleta do óleo de cozinha, e da oficina sobre a confecção de filtros de água com garrafas (PET).
A iniciativa da ASPA tem inspirado e colaborado com outros municípios a desenvolver seu próprio projeto no intuito de fortalecer a experiência na microrregião. Esta iniciativa da ASPA e a Pastoral da Criança estão mudando a vida de muita gente em Aparecida/sertão paraibano. Como dizia Madre Tereza de Calcutá: “O que eu faço é simples: ponho pão nas mesas e compartilho-o com os meus irmãos”. E é nesta partilha que vamos à busca de uma vida digna para todas as criança e gestantes do nosso sertão.
DIOCESE DE CAJAZEIRAS
PAROQUIA NOSSA SENHOA DA CONCEIÇÃO APARECIDA
MARIA APARECIDA FERREIRA DE SOUSA
COMUNICADORA POPULAR
ARTIGO PUBLICADO NO BOLETIM O CANDEEIRO POR EUDES COSTA – COMUNICADOR POPULAR DA ASA/ UGT ASPA ALTO SERTÃO PARAIBANO